segunda-feira, 5 de março de 2012

Etiologia

De acordo com a localização das lesões e zonas do cérebro afetadas, as manifestações podem ser diferentes, portanto a etiologia da paralisia cerebral é múltipla. Segundo Santos & Sanches (2004) “as causas que originam uma lesão do sistema nervoso central nem sempre são fáceis de identificar, no entanto o seu conhecimento reveste-se da maior importância em termos de prevenção e intervenção”.
Segundo a Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral (APPC) em cada 100 bebés que nascem, 2 podem ser afetados por paralisia cerebral.
A paralisia cerebral não é hereditária e não se deve, geralmente, a qualquer deficiência apresentada pelos pais. E qualquer lesão provocada no cérebro pode resultar em paralisia cerebral.
Basil citado por Santos & Sanches (2004) defende que a lesão no cérebro pode ocorrer em três fases da vida do indivíduo e que pode ser devido a causas pré-natais, peri-natais e pós-natais.
As causas pré-natais decorrem desde a conceção até ao início do trabalho de parto. Entre as causas pré-natais evidenciam-se (Santos & Sanches, 2004):
*      doença infecciosa da mãe causada por vírus como a rubéola, sarampo, sífilis, herpes e que dão origem a malformações cerebrais, cardíacas, auditivas, oculares, quando contraídas nos primeiros três meses de gestação;
*      intoxicações devido a produtos tóxicos ou medicamentos;
*      exposição a radiações;
*      doenças como a meningite ou toxoplasmose;
*      anóxias que são provocadas por dificuldades de oxigenação do feto, devido a insuficiência cardíaca da mãe, hipertensão, anemia, circulação sanguínea deficiente, incapacidade dos tecidos do feto em captar oxigénio;
*      doenças metabólicas congénitas, como a galactosemia e a fenilcetonúria, que se expressam quando o feto começa a ingerir alimentos que não conseguem metabolizar, começando a existir a acumulação de substâncias tóxicas no cérebro, ocorrendo lesão;
*      incompatibilidade sanguínea, ou seja no fator Rh, nos casos em que crianças Rh positivas são filhas de mães Rh negativas, que já tiveram um contato com sangue Rh positivo, existindo uma destruição dos glóbulos vermelhos da criança, o que origina um excesso de bilirrubina que vai lesar as células do cérebro.
São ainda consideradas causas pré-natais, o alcoolismo, o tabagismo, traumatismos (direto no abdómem ou queda sentada da gestante) e doenças crónicas, anemia grave, desnutrição e idade da mãe e falta de cuidados pré-natais adequados (Rotta, 2002).

As causas peri-natais decorrem durante o parto e pouco tempo após o nascimento. As causas peri-natais podem ser (Santos & Sanches, 2004):
*      situações decorrentes da insuficiência de oxigénio no sangue (anóxia) ou asfixia relacionadas com obstrução do cordão umbilical, ou pela administração de anestesia de forma inadequada;
*      falta de oxigenação da criança devido a separação prematura da placenta;
*      trabalhos de parto demasiado prolongados ou demasiado abruptos (traumatismos de parto);
*      prematuridade do feto ou a hipermaturação;
*      baixo peso ao nascer.

Rotta (2002) considera ainda como causas peri-natais a idade da mãe, a desproporção céfalo-pélvica, anomalias da placenta, anomalias do cordão umbilical, anomalias da contração uterina, o parto instrumental, anomalias de posição, ou seja, posicionamento inadequado do bebé no momento do parto.

As causas pós-natais podem ocorrer nos primeiros três anos de vida da criança em que o sistema nervoso se encontra em desenvolvimento e podem ser causadas por:
*      meningite ou encefalite;
*      traumatismos crânio encefálicos;
*      distúrbios metabólicos (hipoglicémia, hipocalcemia, hipomagnesemia);
*      acidentes anestésicos;
*      intoxicações por produtos químicos ou drogas e desidratações (Santos & Sanches, 2004).

São ainda causas pós natais de paralisia cerebral:
*      incompatibilidade sanguínea materno-fetal; 
*      processos vasculares (tromboflebites, embolias e hemorragias);
*       desnutricação da criança que interfere de forma crucial no desenvolvimento do seu  cérebro (Rotta, 2002).

Nielsen (1999, p. 96) considera que é “também possível que um indivíduo apresente paralisia cerebral adquirida resultante de traumatismos cranianos. Acidentes com veículos motorizados, quedas ou abuso de crianças que resultem em traumatismos podem igualmente estar na origem deste tipo de paralisia, assim como também o podem estar as infecções cerebrais”.

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